segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Idiota


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem,
o mal do século é a solidão" Pretensiosamente digo que assino embaixo sem
dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos
os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e
saem sozinhas.

Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram
sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar
com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só
isso não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem
necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta
olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão
"apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa
marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a
carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos
ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu
sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!"

Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de
rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada
dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão
infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que
verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa
verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé,
brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague
mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou
mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai
embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje
por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a
oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um
problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê
pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou
uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que
realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não
pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra
alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou
quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique
comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!
(Arnaldo Jabor)

Um comentário:

Anônimo disse...

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