segunda-feira, 16 de abril de 2007

...... marte .......


Sua beleza me escandalizava. Sentia-me pequena, enojada de mim mesma. Lâmina na garganta. Pouco a pouco ela foi me tomando. Minha cabeça a mil. Inferno. Vinte e quatro horas com aqueles olhos estranhos — só presto atenção em mulheres com olhos estranhos.

Andava pelas ruas à sua espreita. Dilacerada entre as luzes da cidade. Um fantasma cultivando sua raiva. Eu queimava meu braço com bituca de cigarro, cortava-me com gilete. Queria morrer, mas o relógio badalava incessantemente na parede do quarto. Quase me rasguei inteira, feito vaca em matadouro.

O canto silencioso da sereia. Ela pode ouvir os demônios dentro do meu peito, pode brincar com eles, deixar meu coração em frangalhos, ir embora.

Era uma quinta-feira chuvosa, semana passada também foi quinta-feira. Em Abril faz frio. Ocaso. Então uma música tocou dentro de mim. Perscrutei sua alma, fodendo a carne com fúria e volúpia. O purpúreo de sua boca se intensificou, escorreu pelo pescoço. Imprimi minhas marcas em seu corpo, às vezes lívido, às vezes éter. Inferno.

Vésper triste e bêbada tinha um sorrisinho agridoce.
Vésper triste e bêbada tinha um sorrisinho agridoce.

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